PELO MENOS DUAS DÉCADAS DE AJUSTES NO MODELO DE PROJEÇÃO
O que se pode afirmar com certa segurança é que o cinema foi "inventado" na base do método empírico de tentativa e erro, tendo sido necessários ajustes ao longo de pelo menos duas décadas de história, seja regulando a velocidade de projeção ou a quantidade de fotogramas por segundo, ou ainda a quantidade de projeções de cada fotograma na tela, de modo que nem o movimento resultasse "quebrado" aos olhos do espectador, nem o intervalo vazio, perceptível.
O MOVIMENTO NO CINEMA É CONSTITUÍDO DE INSTANTES ESTÁTICOS
O cinema trabalha com uma ilusão de movimento, pois o que ele faz é congelar instantes, mesmo que bastante próximos, já que o movimento é o que se dá entre esses instantes congelados, e é isso justamente que o cinema não mostra. Assim, a ilusão cinematográfica opera com um movimento abstrato, uniforme e impessoal. No limite, o cinema sugere que o movimento possa ser constituído de instantes estáticos. Hoje diríamos que o olho, via de regra, não distingue entre um movimento diretamente percebido e um movimento aparente, artificial ou mecanicamente produzido, mesmo porque não se pode pressupor a artificialidade dos resultados com base na artificialidade dos meios.
OS IRMÃOS LUMIÉRE E O CINEMATÓGRAFO
Em 1895 os irmãos franceses Louis e Auguste Lumiére e o seu equipamento “Cinematógrafo” fazem a primeira exibição pública de um filme: “A chegada do trem na estação de Ciotat” – O público se espantou, muitos acharam que o trem iria atravessar a tela e passar por cima de todos, mesmo sendo cinema mudo. Esse fato marca o nascimento do cinema. Nos EUA, no mesmo período, Thomas Edson também faz experiências com imagens em movimento, porém, o seu aparelho “kinetoscópio” só exibia filmes para uma única pessoa por vez.
NO INÍCIO IMAGINAVA-SE O CINEMA APENAS COMO MEIO DE REGISTRO DOCUMENTAL
Os intelectuais do século XIX supunham que o cinema seguiria a fotografia na sua função de "registro" documental, mas o que aconteceu foi o contrário. O novo sistema de expressão, assim que ganhou forma, impôs-se esmagadoramente como meio de especulação do imaginário humano.
GEORGE MÉLIÈS E SUAS HISTÓRIAS DE FICÇÃO
A partir de 1896 o cineasta e ilusionista George Méliès encanta a todos com curtas histórias de ficção. É dele a invenção da trucagem: Certa vez, a câmera que ele usava parou por algum problema, quando voltou a funcionar ele prossegui o trabalho normalmente. Ao ver o filme pronto percebeu que alguns objetos e atores não ocupavam mais os mesmo lugares, haviam mudado como se fosse mágica.
OS LOCAIS ONDE SE DAVAM AS PRIMEIRAS PROJEÇÕES
No início, os filmes eram exibidos como curiosidades ou peças de entreato nos intervalos de apresentações ao vivo em circos, feiras, casas de espetáculos de variedades, nas quais de podia também comer, beber e dançar. Essas casas eram conhecidas como music-halls na Inglaterra, café-concerts na França e vaudevilles ou smoking concerts nos Estados Unidos.
OS FILMES PRODUZIDOS NOS PRIMEIROS ANOS
Os filmes que se faziam compreendiam registros dos próprios números de vaudeville, ou então gags de comicidade popular, contos de fadas e até mesmo pornografia. Os catálogos dos produtores da época classificavam os filmes produzidos como "paisagens", "notícias", "tomadas de vaudeville", "incidentes" e "quadros mágicos".
NA SUA PRIMEIRA DÉCADA O CINEMA AINDA NÃO ERA UMA ATRAÇÃO EXCLUSIVA
O cinema era então uma das atrações entre as outras tantas oferecidas por essas casas de espetáculos, mas nunca uma atração exclusiva, nem mesmo a principal. A própria duração dos filmes (de alguns segundos e não mais do que cinco minutos). Nos primeiros dez anos de comércio do cinema não se havia ainda desenvolvido um conjunto de técnicas e procedimentos de linguagem apropriados para a elaboração de uma narrativa visual que fosse suficientemente autônoma a ponto de se poder dispensar a "explicação" de um apresentador.
O CINEMA COMERCIAL E A CRIAÇÃO DE UM NOVO PÚBLICO
No final da primeira década do século XX os Estados Unidos perceberam rapidamente que a condição necessária para o pleno desenvolvimento comercial do cinema estava na criação de um novo público, um público que incorporasse também a classe média e a burguesia. Essa nova platéia era mais sólida em termos econômicos podendo, portanto suportar um crescimento industrial.
NOVA LINGUAGEM INSPIRADA NO ROMANCE E NO TEATRO
A busca de um novo público leva ao desenvolvimento de uma nova linguagem e os realizadores vão buscar no romance e no teatro o modelo capaz de conferir legitimidade ao cinema. Com tal modelo, impõe-se a narrativa e a linearidade no cinema praticado a partir de então.
APARECE DAVID W.GRIFFTH, CONSIDERADO POR MUITOS O PAI DO CINEMA AMERICANO
O cineasta americano David W. Griffth, com seus dramas psicológicos de fundo moral, é o maior responsável pela introdução do modelo de cinema narrativo e linear que conhecemos até hoje. É também o diretor que mais contribuiu para a evolução da técnica cinematográfica. É o inventor do close-up. Seu primeiro longa é “O Nascimento de uma Nação” de 1915.
NO CINEMA MUDO OS ROTEIROS ERAM PENSADOS SOMENTE SOB OS ASPECTOS DA IMAGEM
O cinema mudo obrigava os diretores a contar suas histórias somente através da imagem, todo o roteiro de um filme era pensado sobre aspectos somente da imagem já que o som ainda não existia para os filmes. As legendas com indicações de localização ou mesmo de diálogos eram utilizadas como suporte de apoio.
O SURGIMENTO DO CINEMA SONORO
O primeiro filme sonoro "oficialmente" foi “The Jazz Singer” (1927), mas já existiam anteriormente técnicas para a gravação de som em filmes. Porém a facilidade com que o cinema mudo era exibido internacionalmente não contribuia comercialmente para a introdução do som nos filmes. Essa nova técnica só embalou mesmo nos anos 30 e podemos analisá-lo sob dois aspectos: O cinema sonoro americano e o cinema sonoro europeu. Para os americanos, o cinema sonoro funcionou quase que como um atraso do que como evolução. Com a possibilidade de se colocar sons nos filmes, a imagem ficou quase que em segundo plano e os filmes eram produzidos apenas como peças de teatro filmadas, ou cine-óperas e cine-revistas. Tudo por conta da supervalorização do som. Já para os europeus, essa inovação se deu de forma mais natural, como algo que veio para contribuir com a narrativa cinematográfica. E foram os cineastas europeus dessa época que vieram a influenciar para que o cinema americano logo percebesse o erro e voltasse a produzir filmes menos “teatrais” e mais cinematográficos.
O SURGIMENTO DO CINEMA COLORIDO
As experiências com filmes coloridos quase que junto com o nascimento do cinema, os Lumiére assim como Thomas Edson chegaram a pintar diretamente na película, mas tudo não passava de experimentos. Sistemas como o Technicolor de duas cores, inventados no início do século foram decepcionantes. Mas, por volta de 1935, o mesmo Technicolor foi aperfeiçoado com um sistema de três cores comercializável, e os estúdios Fox lançaram o primeiro filme colorizado com esse sistema: “Vaidade e Beleza” de Rouben Mamoulian. Na década de 1950, o uso da cor tomou conta dos cinemas, tanto que o preto e branco ficou praticamente utilizado somente em pequenos filmes.
A SÉTIMA ARTE
Reconhecido mundialmente como a sétima arte o cinema seguramente é aquela que contém todas as outras e também a que mais evolui, tanto tecnicamente, como na sua forma de linguagem. Porém, desde os primórdios até os dias de hoje, além de arte, o cinema pode funcionar também como o REGISTRO de uma época, de um personagem histórico, de um país, de um acontecimento, da natureza; como DIVERTIMENTO, fazendo rir, chorar, sentir calafrios; e ainda como FORMADOR DE OPINIÕES, podendo ser utilizado para disseminar uma idéia, vender produtos e induzir as massas. Mas a sua mais nobre função, indiscutivelmente é de ser ARTE, arte pela qual os artistas expressam a sua visão do homem e do mundo.